sexta-feira, 13 de março de 2009

Ana Terra


A história começa no século XVIII com Ana Terra, uma jovem da capitania de São Paulo que foi viver no Rio Grande do Sul, com sua mãe, D. Henriqueta, seu pai, Maneco, e seus dois irmãos, Antônio e Horácio. Moravam numa estância bem longe do vilarejo. A maior parte do tempo estavam trabalhando. Os homens na roça e as mulheres, em casa.

A vida para Ana Terra era muito difícil, pois seus desejos normalmente nunca eram atendidos. Até que um dia, enquanto lavava roupa na sanga, Ana encontrou um mestiço de índio ferido, chamado Pedro Missioneiro. Foi difícil para Pedro ganhar a confiança da família, principalmente do pai, Maneco Terra, mas aos poucos foi se mostrando útil e confiável. Ana sentia por ele um sentimento estranho, uma mistura de nojo e desejo. Mas certo dia, Ana se entregou a Pedro e mais tarde veio a descobrir que estava grávida.

O medo que tinha de seu pai era tanto que escondeu o segredo da gravidez durante muito tempo. Porém, não se contendo mais, revelou tudo a sua mãe. Antes mesmo de ter dado tempo de sua mãe a consolar, Maneco Terra ouviu a conversa. Ana foi simbolicamente excluída da família. Seu pai se recusava a olhar para ela, e ainda mandou os irmãos de Ana matarem Pedro Missioneiro.

Meses depois, nem ao menos com o nascimento de Pedro Terra, filho de Ana e Pedro Missioneiro, a família passou a dar mais atenção a ela. Raramente Maneco conversava com o neto, falava com ele apenas sobre a plantação de trigo.

Seus irmãos se casaram, mas apenas Antônio manteve-se na estância, pois Horácio foi morar em Rio Pardo, o vilarejo mais próximo. Alguns anos mais tarde, Dona Henriqueta faleceu, mas isso não foi um motivo para abalar Ana, pois, para ela, sua mãe estaria deixando de ser tratada como “escrava”.

Então, após um tempo, a estância foi invadida por castelhanos. Ana mandou a cunhada com as crianças para se esconder no mato, e se aventurou a ficar na casa junto com os homens da família, pois, se encontrassem roupas de mulher no local, os bandidos procurariam não só por ela, mas também pela cunhada, o que aumentaria a desgraça. Foi estuprada, violentada. E, ao se recuperar, foi em busca da cunhada. Encontrou o pai e o irmão mortos. A casa já estava praticamente destruída.

Ana, Eulália (sua cunhada) e as crianças foram começar uma vida nova em um vilarejo recém fundado chamado Santa Fé. As terras dessa região pertenciam a Ricardo Amaral.

Lá, eles construíram uma casa. Ana tornou-se parteira, e Pedro, não mais criança, logo teve que participar de uma guerra contra os castelhanos. Voltou vivo, se casou e teve um filho. Teve que ir à guerra novamente, e, desta vez, com a promessa de voltar vivo, pois tinha uma família para cuidar.

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