sexta-feira, 17 de julho de 2009

Threesome


Em meio as minhas crises intermináveis de insônia assisti, essa noite, um filme que me chamou atenção.

O nome da película é "Três Formas de Amar" é uma boa comédia romântica. Escrita e dirigida pelo cineasta Andrew Fleming, trata de um triângulo amoroso entre estudantes universitários, no início dos anos 90.

A trama é simples e bem estruturada, apresentando alguns bons momentos e diversos apelos sexuais. Por outro lado, ao contrário de muitos filmes sobre o comportamento de adolescentes, "Três Formas de Amar" não discute temas como Aids, aborto, controle da natalidade e direitos dos gays.

Trata-se da idéia de que alguém pode ser importante em determinado momento da vida, e depois não.

Esse tipo de pensamento me assusta.

Gosto de pensar que minhas relações - principalmente as de amizade - não tem prazo de validade, e sua importância não pode ser medida, apenas, pelas circustâncias.

Meio antiquado nos dias de hoje!

O trio, formado por Lara Flynn Boyle, Josh Charles e Stephen Baldwin, apresenta uma boa química e boas atuações.

Enfim, nada excepcional, mas que vale a pena ser visto.

Ps: Da até vontade de viver a estória.


Barton Fink

Todo mundo que gosta dos filmes bizarros e elegantes dos irmãos Coen sabe que a primeira obra-prima incondicional de Joel e Ethan foi “Barton Fink – Delírios de Hollywood” (EUA, 1991). A carreira do longa-metragem nos círculos cinéfilos é impecável: foi a primeira produção na história a faturar os três principais prêmios em Cannes (filme, direção e ator), teve três indicações ao Oscar e ganhou a pecha de filme de arte em uma época em que filmes dos EUA, especialmente produzidos dentro de Hollywood, eram solenemente desprezados por amantes de cinema não-comercial. Não são muitos os que sabem, contudo, que “Barton Fink” nasceu de um tremendo bloqueio criativo vivido pelos irmãos Coen.

Na época, entre 1989 e 1990, Joel e Ethan estavam escrevendo “Acerto Final”, um longa-metragem sobre o mundo dos gângsteres no qual depositavam muita esperança. Os dois, porém, travaram. Levaram meses para completar o roteiro. No desespero por não conseguirem acertar o tom, Joel e Ethan começaram a rabiscar um outro texto, sobre um roteirista em crise que (adivinha!) não conseguia nem sequer começar a pôr no papel o enredo de um filme para o qual tinha sido contratado. Deram ao sujeito o nome de Barton Fink e ambientaram a época, por razões diversas (que serão explicadas adiante), em 1941.

A produção foi rápida e espontânea, quase um parque de diversões se comparado ao difícil parto de “Acerto Final”. Por razões que só os deuses do cinema podem explicar, o projeto concebido como uma espécie de temporada de férias resultou bem melhor do que o filme sério oficial dos Coen (embora “Acerto Final” seja bacana). Em “Barton Fink”, os irmãos abandonaram o status de surpresa promissora que cultivavam desde a estréia, com “Gosto de Sangue”, em 1984, e viraram cineastas consagrados. Também foi com “Barton Fink” que eles completaram uma galeria de colaboradores fiéis que os acompanhariam durante toda a carreira vindoura: o fotógrafo Roger Deakins e o compositor de trilhas Carter Burwell, entre outros.

O enredo: Barton Fink (John Turturro) é um roteirista teatral promissor, em 1941. Ele acaba de escrever uma peça de sucesso, que está na Broadway, quando recebe uma proposta milionária de um estúdio de Hollywood. Apesar da firme convicção de que o teatro é uma arte mais nobre do que o cinema, ele fica seduzido pela grana. Resmungando, embarca para Los Angeles com uma máquina de escrever e pede para ficar hospedado em um hotel vagabundo. Barton acredita que os artistas, para produzirem boa arte, precisam viver em dificuldades. Ele quer evitar a boa vida de Los Angeles. É uma espécie de auto-punição por ter aceitado um trabalho milionário: ele sua em bicas dentro de um quarto apertado. O lugar é tão quente que a cola do papel de parede derrete, enquanto Barton luta contra as folhas em branco.

Evidentemente, o filme é construído como uma crítica ácida à indústria do cinema, defendendo sem cerimônia a idéia de que Hollywood é um inferno (preste atenção às seqüências finais, quando a afirmação vira algo literal) para um artista de verdade, um cara que vê o que faz como arte e não apenas como diversão ligeira. Como os Coen não deixam pedra sobre pedra, o próprio papel do artista também é devidamente satirizado (o escritor se leva a sério demais, é pomposo e ostenta o tempo inteiro um ar superior, mesmo produzindo banalidades).

O primeiro trabalho que o estúdio lhe pede para fazer é o roteiro de um filme de luta livre. Ele resmunga mais um pouco, acha que está sendo subvalorizado, mas nada pode fazer a não ser aceitar. No hotel, o sujeito faz um amigo na pessoa de Charlie Meadows (John Goodman), um estranho caixeiro viajante que tenta ajudá-lo com o roteiro. Também tem um caso com a secretária do comerciante, Audrey Taylor (Judy Davis). Como quase todos os protagonistas dos irmãos Coen, vai perder o controle sobre seu destino aos poucos, enquanto se embaralha com o roteiro e se envolve em assassinato.

A trama de “Barton Fink” é uma colcha de retalhos construída com pedaços de histórias verdadeiras e referências obscuras, a começar pelo próprio protagonista: Barton Fink é uma mistura de William Faulkner e Orson Welles. Nos anos 1940, Faulkner realmente foi contratado em Hollywood para fazer um filme de luta livre, e fazia tudo a contragosto, pelo dinheiro, louco de vontade de retornar logo aos romances. A trajetória seguida pelo roteirista da ficção (da consagração nos palcos de Nova York para Hollywood) também não deixa dúvida: é uma referência a Welles, que fez o mesmo caminho antes de dirigir “Cidadão Kane”, também lançado em 1941.

Coincidências? Claro que não. Joel e Ethan Coen têm fama de nunca esclarecer sobre a verdadeira inspiração dos seus roteiros (eles negaram zombeteiramente que “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?” fosse baseado em Homero), mas já admitiram que retiram idéias de histórias reais. Na verdade, não existem coincidências em filmes dos irmãos Coen. Existem, sim, humor sofisticado e cínico, ironia crítica, diálogos impagáveis, personagens deliciosos e um flerte evidente com o film noir (a caracterização da época, a fotografia pesada e escura, a clássica personagem da mulher fatal). “Barton Fink” é uma comédia de humor negro de primeira classe.

Este foi o filme que marcou a maturidade artística dos irmãos Coen; definiu não apenas o tom surreal dos roteiros que os dois iriam trabalhar dali para a frente, mas também o universo cool e divertido em que todos os seus trabalhos passariam a ser ambientados. A galeria interminável de grandes filmes que os dois enfileiraram a partir dele (“Fargo”, “O Grande Lebowski”, “O Homem Que Não Estava Lá” e muitos outros) deve muito a “Barton Fink”. Ainda por cima, arrancaram performances perfeitas do elenco, da performance histriônica de John Turturro, no papel-título, à química inigualável deste com o tom fanfarrão de John Goodman. “Barton Fink” é jóia, pode crer.



quinta-feira, 2 de julho de 2009

21 Grams

"Quantas vidas vivemos?
Quantas vezes morremos?
Dizem que todos nos perdemos 21 gramas no momento exato de nossa morte
Todos.
Quanto cabe em 21 gramas?
Quanto é perdido?
Quando perdemos em 21 gramas?
Quanto se vai com eles?
Quanto é ganho?Quanto é ganho?
21 gramas.
O peso de cinco moedas de cinco centavos, o peso de um beija-flor.
Uma barra de chocolate
Quanto pesam 21 gramas?"


quarta-feira, 1 de julho de 2009