segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Baise-Moi (Foda-me!)

O filme começa e a platéia não disfarça o seu assanhamento. Duas histórias correm paralelas: na primeira, uma prostituta divide o quarto com sua amante insossa; na segunda, uma garota de periferia, com cara de marroquina, sofre para cuidar de um irmão traficante e de seus parceiros truculentos. De repente, uma seqüência de estupro, quase desajeitada de tão acanhada. Tudo filmado de longe, onde o gestual agressivo dá a tônica. Na banda sonora, música americana bate-estaca. Surge o primeiro detalhe explícito. Desde quando estupradores boçais e apressados usam camisinha, e pior, que já venham, de casa, com ela colocada no apetrecho.

Por sorte, não demora muito para as duas mulheres se esbarrarem em cena. Daí para frente, machões e depravados são abatidos como moscas pelas duas "heroínas". Nesta trajetória transgressiva não faltam mortes. Mas, como as duas pistoleiras são de carne e osso, a matança é atenuada pelos hormônios à serem alimentados. A ordem é matar, e, quando possível, transar e gozar. Nos momentos de tesão é que o filme mostra à que veio.

No segmento mais violento, um boçal é colocado nu e textualmente de quatro. O cano do revólver é introduzido em sua reentrância mais íntima. As garotas mandam ele imitar um porco. Ele obedece. Fazem o idiota reprisar tudo aquilo que ele pagou para elas fazerem alguns minutos antes, com o revólver naquele lugar. Na seqüência, uma delas se entedia e aperta o gatilho.

Não, BAISE-MOI não é um grande filme, mas é inegável que ele faz o público refletir, por vias transversas.